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Conhecendo os Métodos

É muito importante além das terapias escolhermos um método para trabalhar com a criança, veja abaixo alguns dos principais métodos utilizados para o tratamento de autismo:

Análise do Comportamento Aplicada (ABA): Técnica utilizada nos tratamentos do autismo para diminuir os comportamentos problemáticos relacionados ao autismo. O alvo é a ampliação e aquisição de comportamentos inexistentes no repertório; diminuição de comportamentos em excesso e que são inadaptativos, visando a construção de um repertório comportamental que se sustente em diferentes ambientes, com diferentes pessoas, gerando inclusão social, escolar e profissional para o autista.

TEACCH – Treinamento e Ensino de Crianças com Autismo e Outras Dificuldades de Comunicação Relacionadas: oferece estratégias cognitivas e comportamentais nos tratamentos do autismo que auxiliam os professores a intervir na capacidade de aquisição de habilidade do aluno. O método fornece técnicas de organização, estruturação, repetições e treinamento, considerando pré-requisitos importantes para a alfabetização. O ambiente físico e social é organizado com a utilização de recursos visuais, para que a criança possa prever e compreender as atividades diárias com mais facilidade e ter reações apropriadas. Os programas de TEACCH são geralmente dados em uma sala de aula, mas também podem ser feitos em casa e são usados em conjunto com aqueles destinados à sala de aula. Os pais trabalham com os profissionais como co-terapeutas para que as técnicas possam ter continuidade em casa. É usado por psicólogos, professores de educação especial, fonoaudiólogos e profissionais devidamente treinados.

  Método PADOVAM: O Método Padovan de Reorganização Neurofuncional, desenvolvido por Beatriz Padovan, é uma abordagem terapêutica que recapitula as fases do neuro-desenvolvimento, usadas como estratégia para habilitar ou reabilitar o Sistema Nervoso.Uma terapia clássica de Reorganização Neurofuncional, recapitula os movimentos neuro-evolutivos do sistema de locomoção e verticalização do ser humano, os movimentos neuro-evolutivos do sistema oral que leva ao domínio da musculatura da fala, dos movimentos neuro-evolutivos do sistema ligado ao uso das mãos e sua riqueza de articulações, e dos movimentos neuro-evolutivos dos olhos com sua organização muscular complexa.O Método Padovan, recapitula o processo de aquisição do Andar, Falar e Pensar de maneira dinâmica, estimulando a maturação do Sistema Nervoso Central, com intuito de tornar o indivíduo apto a cumprir seu potencial genético e à adquirir todas as suas capacidades, tais como locomoção, linguagem e pensamento.É usado como estratégia para reabilitar o Sistema Nervoso depois que perdeu suas funções, como no caso de um acidente; para impulsionar o desenvolvimento, como nos casos de atraso e distúrbios do desenvolvimento; para melhorar a qualidade de funcionamento e integração do Sistema Nervoso, e nos casos de disfunções tais como: transtorno de aprendizagem, hiperatividade, distúrbios e dificuldade de atenção e concentração, (TDAH) etc.
A técnica pode ser aplicada em todas as faixas etárias, do bebê à terceira idade, com excelentes resultados. Para ser aplicado, o Método Padovan não necessita sequer da colaboração do paciente, pois não é preciso que seu nível de consciência esteja normal para que as estimulações tenham efeito, e pode ser aplicado em consultórios, em leitos, UTI´s de hospitais e também a domicílio.

    Método FLOORTIME: Desenvolvido pelo psiquiatra infantil Stanley Greenspan, Floortime (ao pé da letra tempo no chão) é um método de tratamento que leva em conta a filosofia de interagir com uma criança autista. É baseado na premissa de que a criança pode melhorar e construir um grande círculo de interesses e de interação com um adulto que vá de encontro com a criança independente do seu estágio atual de desenvolvimento e  que o ajuda a descobrir e levantar a sua força.
A meta no Floortime é desenvolver a criança dentro dos 6 marcos básicos  para a plenitude do desenvolvimento emocional e intelectual do indivíduo. Greenspan descreveu os 6 degraus da escada do desenvolvimento emocional como: noção do próprio eu e interesse no mundo; intimidade ou um amor especial para a relação humana; a comunicação em duas vias (interação); a comunicação complexa; as idéias emocionais e o pensamento emocional. A criança autista tem dificuldades em se mover naturalmente através desses marcos, ou subir esses degraus, devido à reações sensoriais exacerbadas ou diminuidas e/ou a um controle pobre dos comandos físicos.
No Floortime, os pais entram numa brincadeira que a criança goste ou se interesse e segue aos comandos que a própria criança lidera. A partir dessa ligação mútua, os pais ou o adulto envolvido na terapia, são instruídos em como mover a criança para atividades de interação mais complexa, um processo conhecido como " abrindo e fechando círculos de comunicação". Floortime não separa ou foca nas diferentes habilidades da fala,  habilidades motoras ou cognitivas, mas guia essas habilidades propriamente, enfatizando o desenvolvimento emocional. A intervenção é chamada Floortime porque os adultos vão para o chão, para poder interagir com a criança no seu nível e olho no olho.

Método Son-Rise: O método Son-Rise tem como base a relação interpessoal, uma vez que a dificuldade nesta área é característica de pessoas com autismo. Este método foi criado na década de 70, em decorrência da experiência que Bears e Samahria Kaufman tiveram com o filho, Raun Kaufman, diagnosticado com autismo severo. Eles ficaram com o filho 12 horas por dia, 7 dias por semana, no cômodo com menos estimulação da casa, o banheiro, repetindo os rituais de comportamento. Após quatro meses, exames o caracterizaram como uma criança típica, mas, ainda assim, eles mantiveram o trabalho com o filho por mais dois anos, para certificarem-se de sua cura.
A chave do tratamento foi juntar-se a criança em seus comportamentos repetitivos mostrando amor incondicional por ela e, lentamente, convidando-a a sair de seu mundo através das próprias motivações que ela apresentava (SICILE-KIRA, 2004).
Não se trata de um método fácil, pois este não apresenta técnicas para serem aplicadas com a criança. Na verdade, é uma maneira de se relacionar com ela que parte de alguns princípios que têm a finalidade aumentar o contato visual, a comunicação, interação e atenção. São eles:

• buscar dicas da criança sobre temas de que ela goste e ajudá-la a desenvolver e construir seus talentos, habilidades e interesses. Isto é, deixar que ela guie o processo, descubra e explore a si mesma no mundo, de modo que ela se torne o professor, e, com isso, sinta-se mais motivada a explorar e se desenvolver (KAUFMAN e KAUFMAN, 1998);
• ter em mente que as habilidades específicas agora são menos importantes do que a do impacto de longo percurso de encorajamento a uma criança participativa e motivada (KAUFMAN e KAUFMAN, 1998);
• celebrar cada tentativa de interação, mesmo se for pequena (KAUFMAN e KAUFMAN, 1998);
• não julgar os comportamentos da criança (bom/ruim, certo/errado), pensar que ela está fazendo o melhor que ela pode, da maneira que ela consegue fazer (KAUFMAN e KAUFMAN, 1998);
• ser extremamente flexível; se a criança mover-se em outra direção, diferente daquela em que estávamos com ela, deixe de fazer o que estava fazendo e junte-se a ela (KAUFMAN e KAUFMAN, 1998);
• estar presente de corpo e mente, ficando a vontade, sendo criativo, divertido e disponível (KAUFMAN e KAUFMAN, 1998);
• usar os três E?s: Energia, Excitação (emoção), Entusiasmo (KAUFMAN e KAUFMAN, 1998);
• não pedir/solicitar nada enquanto estiver focado na vinculação, pois o foco de interesse é estar com o outro e conhecê-lo (KAUFMAN, Decision making in the playroom);
• aceitar os comportamentos chorar e reclamar, mas não deixar que sejam percebidos pela criança como uma forma de conseguir coisas e mover pessoas. Para isto, é necessário ter um comportamento neutro, dizendo, por exemplo, que não entende o motivo de ela estar se comportando daquela maneira.
O tratamento deverá ser realizado em um ambiente com baixa estimulação sensorial, estando presente no momento apenas um adulto e a criança. Os brinquedos devem ficar em prateleiras para diminuir a distração e estimulação, e devem preencher os critérios: a) durabilidade, resistentes para não quebrar, amassar ou mastigar; b) não devem funcionar como distração, tendo cores chamativas, luzes ou fazerem barulho; c) devem encorajar a interação. Eles pode ser: fantasias, instrumentos musicais, jogos imaginativos(fantoches, blocos), livros, jogos de tabuleiro, quebra-cabeças, bolha de sabão, bola (KAUFMAN e KAUFMAN, 1998).A participação dos pais no tratamento é bastante importante, de acordo com os Kaufman, pois eles possuem uma posição única na vida da criança. Entretanto, há muitos profissionais familiarizados com o método e que podem auxiliar neste processo realizando atendimentos domiciliares.

Método Montessoriano: O material criado por Montessori tem papel preponderante no seu trabalho educativo pois pressupõem a compreensão das coisas a partir delas mesmas, tendo como função a estimular e desenvolver na criança, um impulso interior que se manifesta no trabalho espontâneo do intelecto.

Este método baseia-se em anos de observação da natureza da criança por parte do maior gênio da educação desde Friedrich Froebel.
Demonstrou ter uma aplicabilidade universal.
Revelou que a criança pequena pode ser um amante do trabalho, do trabalho intelectual, escolhido de forma espontânea, e assim, realizado com muita alegria.
Baseia-se em uma necessidade vital para a criança que é a de aprender fazendo. Em cada etapa do crescimento mental da criança são proporcionadas atividades correspondentes com as quais se desenvolvem suas faculdades.
Ainda que ofereça à criança uma grande espontaneidade consegue capacitá-la para alcançar os mesmos níveis, ou até mesmo níveis superiores de sucesso escolar, que os alcançados sobre os sistemas antigos.
Consegue uma excelente disciplina apesar de prescindir de coerções tais como recompensas e castigos. Explica-se tal fato por tratar-se de uma disciplina que tem origem dentro da própria criança e não imposta de fora.
Baseia-se em um grande respeito pela personalidade da criança, concedendo-lhe espaço para crescer em uma independência biológica, permitindo-se à criança uma grande margem de liberdade que se constitui no fundamento de uma disciplina real.
Permite ao professor tratar cada criança individualmente em cada matéria, e assim, fazê-lo de acordo com suas necessidades individuais.
Cada criança trabalha em seu próprio ritmo.
Não necessita desenvolver o espírito de competência e a cada momento procura oferecer às crianças muitas oportunidades para ajuda mútua o que é feito com grande prazer e alegria.
Já que a criança trabalha partindo de sua livre escolha, sem coerções e sem necessidade de competir, não sente as tensões, os sentimentos de inferioridade e outras experiências capazes de deixar marcas no decorrer de sua vida.
O método Montessori se propõe a desenvolver a totalidade da personalidade da criança e não somente suas capacidades intelectuais. Preocupa-se também com as capacidades de iniciativa, de deliberação e de escolhas independentes e os componentes emocionais.

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